Propostas

Cidade

O desafio

É necessário compreender a cidade como a articulação de diversas redes: de comunicação, de infraestrutura, de produção e comércio de produtos e serviços, de mobilidade, de lazer, de signos e costumes diversos.

A construção e a transformação da cidade são objetos de conflito entre diversos setores, podendo-se destacar: o poder econômico, o Estado e nós, a sociedade civil. O resultado desses conflitos é sentido diariamente pela população, principalmente pelos mais pobres. O trânsito caótico, a violência urbana crescente, as altas tarifas do transporte público, as calçadas e o asfalto irregulares, às vezes intransitáveis por pessoas com mobilidade reduzida, a insuficiência de espaços públicos de qualidade como praças e parques, os altos valores dos imóveis em áreas dotadas de infraestrutura são apenas alguns exemplos de que a população vem perdendo essa disputa e assim, o direito à cidade, que com o nosso suor e trabalho é diariamente construída.

Trânsito

Hoje, um dos grandes problemas que afetam a vida do cidadão de Niterói é o trânsito. Os engarrafamentos vêm sendo cada vez mais constantes, o que torna a mobilidade urbana um dos temas de maior importância no cotidiano das pessoas.

O sistema capitalista incentiva o uso de transporte individual em detrimento do público. Niterói está cada vez mais motorizada. O número de veículos circulantes duplicou em 10 anos. A cidade tem hoje uma média de um carro para cada dois habitantes, número que supera e muito a média nacional, de aproximadamente um carro para cada seis habitantes. Como boa parte da população usa o carro para se locomover, os engarrafamentos são constantes. O tempo médio de deslocamento é maior que a média nacional. Por outro lado, a cidade possui um sistema viário ultrapassado (que data de 1860) e um transporte público ineficiente fazem com que as pessoas utilizem o carro como principal meio de locomoção. A população enxerga o carro como a solução para chegar mais rápido e com maior conforto aos seus destinos, o que acaba por agravar a situação.

Especulação Imobiliária

Ao permitir que bairros com infraestrutura urbana sejam valorizados a partir da especulação imobiliária, o atual sistema econômico produz desigualdades territoriais que materializam uma realidade de violação dos direitos humanos, entre eles, o direito ao transporte, à moradia, à saúde e à educação.
O Plano Diretor de Niterói não enxerga a questão da habitação como interesse público. Fica claro que Niterói está sendo planejada para ser uma cidade para os mais ricos e não para a classe trabalhadora. Niterói possui um déficit habitacional de 55 mil moradias e cerca de 15 mil domicílios vagos.

Degradação Ambiental

A questão ambiental é um tema de grande relevância social, perpassando pela manutenção das nossas necessidades humanas básicas e até pelo nível de qualidade de vida que possuímos. Homem e meio ambiente não são coisas diferentes; pelo contrário, ambos são profundamente interligados, de forma que a mudança em um afeta o outro. Contudo, nossa relação hegemônica com o meio ambiente se baseia em aspectos econômicos, nos quais o meio ambiente passa a ter valor de troca, onde os interesses individuais se sobrepõem aos interesses coletivos.
O município de Niterói não foge a essa lógica. Niterói é privilegiada em possuir áreas de relevante interesse ambiental, que além de contribuir para a qualidade de vida dos niteroienses, são grandes atrativos turísticos da cidade como: as praias de Camboinhas, Itacoatiara, Piratininga; a Reserva Ecológica Darcy Ribeiro; o Parque Estadual da Serra da Tiririca; o Parque da Cidade; e as lagunas de Piratininga e Itaipu. Entretanto, os modelos de planejamento/gestão ambiental e de expansão urbana, patrocinados pela especulação imobiliária, ameaçam os patrimônios ambientais de Niterói, pois servem, principalmente, aos interesses das empresas imobiliárias em detrimento dos interesses da população.

Eu defendo…

As pessoas devem ter o direito de participar da transformação da cidade, de forma democrática, num espaço mais humano onde os projetos de desenvolvimento estejam preocupados com a qualidade de vida.

Para construir a cidade que queremos, é necessário que a população não só tenha o sentimento de pertencimento como também participe das decisões da administração pública e dos mandatos dos parlamentares, pensando na cidade como um todo e formulando coletivamente os processos de urbanização. O desenvolvimento urbano deve permitir que o povo tenha condições dignas de vida, de forma que o lucro não esteja acima das pessoas. A ocupação dos espaços públicos deve facilitar as relações sociais e valorizar as pessoas.

Para o exercício do direito à cidade, entendemos que é fundamental que Niterói reforce a gestão democrática a partir do que foi estabelecido pelo Estatuto da Cidade (Brasil, 2001): “[…] participação da população e das associações representativas dos vários segmentos da comunidade na formulação, execução e acompanhamento de planos, programas e projetos de desenvolvimento urbano”.
Nós podemos juntos ampliar a nossa participação no pleito pelo direito à nossa cidade. O direito de exercer a cidadania! Precisamos resgatar e ressignificar a nossa cidade e a rua como um lugar de transformar e ser transformado pela cidade.

Direito à Cidade

– Priorizar as políticas públicas de acordo com o perfil socioeconômico de cada bairro
– Planejar a ocupação do espaço público e promover de forma mais eficiente a participação social nas decisões da cidade
– Avançar com projetos de parcerias para ressignificação de território.
– Comunicar-se diretamente com a população e exigir consulta pública para construção e reformas de espaços públicos como praças, parques e jardins.
– Criar espaços de diálogo com coletivos como fóruns para participação social envolvendo movimentos e cidadãos que executam iniciativas de intervenção urbana.
– Ampliar os aparelhos de cultura em diferentes pontos da cidade e estimular a produção cênica e musical fora do eixo Icaraí – centro

Mobilidade Urbana

– Quanto ao transporte e à mobilidade, priorizar o fortalecimento do transporte público de massa e gratuito, eficiente e confortável, combinando com a racionalização do transporte individual
– Mapear a situação das calçadas, praças, parques, veículos de transporte coletivo, prédios públicos e equipamentos urbanos da prefeitura e planejar (junto com o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa Idosa e o Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência) um programa de reforma e adaptação para garantir o direito de acessibilidade às pessoas com mobilidade reduzida
– Elaborar Plano Municipal de Mobilidade, com ampla participação da população.
– Promover a bicicleta como parte da solução dos problemas de mobilidade urbana em Niterói, aproveitando as características geográficas e a dimensão do município e implantando sinalização e equipamentos adequados.
– Intermodalidade – pensar integração entre transportes, inclusive bicicletas  
– Construir ciclovias na Zona Norte 
– Construir bicicletários públicos na cidade
– Organizar campanhas de educação no trânsito 
– Agir com transparência em relação à tarifa do transporte público. A passagem em Niterói pode ser reduzida de acordo com a CPI dos Transportes.
– Expandir a rede de ciclovias de forma eficiente e com separação física de ciclistas e outros veículos.
– Ter Passe livre estudantil em toda a rede de transportes públicos.
– Substituir as linhas concorrentes por linhas hierarquizadas para diminuir o número de ônibus e garantir a eficiência do transporte público.

Moradia

– Atualizar Plano Municipal de Redução de Risco, identificando situações de risco de escorregamento e inundação e apontando soluções.
– Identificar todos os assentamentos populares e defini-los como ZEIS-ocupadas;
– Identificar terrenos vazios (públicos e privados) na área central, destinando-os para habitação de interesse social ou uso de interesse público.
– Atualizar Plano Municipal de Redução de Risco, identificando situações de risco de escorregamento e inundação e apontando soluções.
– Respeitar e garantir o direito à moradia para todos os cidadãos
– Expandir a rede de saneamento básico para que todas as moradias do município tenham o esgoto tratado.

Um Novo Modelo de Cidade Sustentável

Uma cidade verdadeiramente mais sustentável deve ser governada para a população e não para grupos empresariais. Os interesses individuais não podem estar acima dos interesses coletivos.
Defendo a implantação de um modelo institucional de planejamento/gestão ambiental mais participativo e democrático em Niterói, em que a comunidade participe efetivamente das ações do poder público municipal e que suas demandas sejam atendidas.

Recategorização da Reserva Ecológica Darcy Ribeiro

A Reserva Ecológica Darcy Ribeiro corresponde a um resquício de Mata Atlântica em nosso município, sendo uma das maiores áreas preservadas de Niterói. Defender a Reserva Ecológica Darcy Ribeiro significa manter a flora e a fauna que a compõe; proteger importantes nascentes de rios que deságuam na Baía de Guanabara e no sistema de lagunas da Região Oceânica e atuar pela qualidade de vida dos niteroienses.
Parte da Reserva Ecológica Darcy Ribeiro foi anexada ao Parque Estadual da Serra da Tiririca, entretanto tal anexação não abrangeu toda a área da reserva. Portanto, defendo a recategorização da Reserva Darcy Ribeiro, possibilitando a mesma se enquadrar ao Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC – Lei 9.985/2000), o que traria uma maior segurança legal para a sua proteção.

As Lagunas da Região Oceânica

As lagunas de Itaipu e Piratininga sofreram grandes impactos de obras e despejo de esgotos provenientes da expansão urbana na Região Oceânica a partir da década de 1970. Os impactos mais visíveis estão relacionados à poluição das águas, ao assoreamento antropogênico e à ocupação de suas margens.
Defendo uma maior fiscalização para não ocorrer novas ocupações no entorno das lagunas, principalmente de suas faixas marginais de proteção. Defendo também a recuperação da vegetação local e a busca por recursos nas esferas estaduais e federais, para a despoluição das lagunas de Niterói.
Ainda assim, após a implementação destas medidas, é necessário trabalhar para estabelecer um programa de monitoramento e uma fiscalização ambiental eficiente, além de um programa de educação e conscientização ambiental para garantir a proteção das lagunas.

Sustentabilidade Energética

A energia solar é uma importante fonte renovável. Uma maneira eficiente, acessível e barata de utilizá-la é a instalação do coletor solar nos tetos das construções da cidade. O coletor solar transforma energia luminosa em calor, aquecendo a água e, desta forma, exercendo a função do chuveiro elétrico. Seria vantajosa a utilização desta solução na cidade de Niterói, por exemplo, sendo de fácil aplicação devido às suas condições climáticas favoráveis. Além disso, ainda existe a possibilidade de conversão de energia solar em energia elétrica através do painel fotovoltaico.
Eu defendo a obrigatoriedade da instalação de coletores solares e painéis fotovoltaicos em todos os prédios a serem construídos em Niterói; a isenção fiscal de empresas envolvidas na fabricação, venda e instalação dos coletores solares e painéis fotovoltaicos; a redução do valor de IPTU para os imóveis que utilizarem energia solar; e a criação de uma lei que estabeleça metas para que o poder público municipal instale os coletores solares e painéis fotovoltaicos nos principais prédios públicos municipais.

Educação Ambiental

Acredito que os educadores e educandos sejam importantes agentes sociais e que podem participar intensamente da transformação social. Dessa maneira, o ensino é uma combinação de teoria e prática, que deve inserir os problemas sociais e ambientais da comunidade nos conteúdos pedagógicos trabalhados.
O meio ambiente já é um tema previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), que precisa ser abordado de forma interdisciplinar nas instituições educacionais. Eu defendo que a educação ambiental nas escolas municipais seja trabalhada para além do objetivo de sensibilizar a população para a questão ambiental, mas também para a mobilização e a prática sustentável.
Para haver avanço na questão ambiental, não bastam mudanças individuais, mas sim mudanças coletivas em nosso modelo de sociedade. Portanto, a educação ambiental em nossas escolas deve voltar-se para uma ação reflexiva de intervenção na realidade. Deve ser uma educação democrática, que apresente conteúdos cotidianos da realidade socioambiental dos educandos e capaz de estimular a criação de novos formatos de se relacionar com o meio ambiente.
– Garantir a inserção da educação ambiental na política educacional municipal como tema interdisciplinar, presente nos projetos político-pedagógicos das escolas municipais.
– Desenvolver uma política municipal de educação ambiental voltada para conscientizar e inserir os moradores da cidade nas políticas públicas de preservação, recuperação e gestão ambiental, como, por exemplo, a coleta seletiva de resíduos sólidos.
– Estimular a educação crítica, libertadora e socioambiental;
– Fomentar parcerias para oferta de cursos de turismo sustentável a serem oferecidos às comunidades locais para o turismo local;
– Estreitar a relação entre as escolas públicas e privadas e as áreas de preservação ambiental, como trilhas parques e lagoas. Este estímulo pode se dar através da fomentação de programas de visita e pesquisa dos espaços. Articular os conteúdos escolares a práticas fora do espaço físico da escola e que dialoguem com espaços públicos da cidade. Criar e cultivar espaços de produção de alimentos em espaços públicos com visitas regulares de estudantes.

Coleta de Lixo

– Garantir a taxa social dos serviços de saneamento para a população de menor renda como forma de tornar este serviço equânime e de diminuir a injustiça social em nossa cidade.
– Implementar de uma política municipal de Lixo Zero baseada em coleta seletiva, reciclagem e compostagem, voltada para a limpeza urbana e a destinação adequada dos resíduos sólidos da cidade.

Agroecologia

– Revisar o Plano Diretor de Niterói para incluir as áreas agrícolas e rurais da cidade e isentá-las do pagamento de IPTU.
– Promover programas de capacitação para o cultivo agroecológico de alimentos com o objetivo de formar agentes que atuem em suas comunidades.
– Promover políticas de incentivo às feiras, aos mercados e aos restaurantes populares agroecológicos.
– Incentivar a organização e manutenção de hortas comunitárias (verticais e planas), baseadas em tecnologias agroecológicas, nos espaços urbanos e periurbanos ociosos do município, inclusive com a cessão de terrenos públicos, na busca de promover a soberania alimentar da cidade.
– Criar Centrais de Compostagem e disponibilização às famílias do fertilizante orgânico produzido.
– Fomentar parcerias para oferta de cursos de agricultura sustentável;